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Se 2015 Fosse Um Livro

  • Ivan Mouta
  • 1 de jan. de 2016
  • 3 min de leitura


A leitura tem uma importância fundamental em nossa vida. Por meio deste importante e necessário hábito desenvolvemos nossa criatividade, nossa imaginação, adquirimos conhecimentos e valores e aprimoramos nosso intelecto. Infelizmente, estudos recentes mostram que a cada dia todos nós estamos lendo menos. Em meio ao boom tecnológico das últimas décadas, esse hábito acabou ficando de lado, sendo substituído primeiro pela televisão, depois pelos computadores, pelos videogames e agora pelos smartphones.


Sabendo, então, da importância da leitura, se o ano de 2015 fosse um livro, você o indicaria para outra pessoa? Repetiria sua leitura?


Foi um ano bem intenso, muita coisa ruim veio a público, demonstrações de intolerância e raiva se espalharam pelo mundo. O ano fica marcado pelo atentado de extremistas contra a sede do jornal Charlie Hebdo, pelos ataques terroristas sofridos por Paris, pela contínua guerra na Síria, que estimulou a fuga de milhares de refugiados e no Brasil assistimos atônicos à tragédia em Mariana (MG). Para muitos, o rompimento da barragem de rejeitos de mineração da Samarco, foi a maior tragédia ambiental da história do nosso país.


Tivemos momentos marcantes, como a reabertura da embaixada americana em Cuba e o encontro, no Panamá, dos presidentes Barack Obama e Raúl Castro, que trataram do fim do embargo dos Estados Unidos a Cuba. E em meio a tanta intolerância e preconceito, assistimos, numa decisão histórica, a Suprema Corte dos Estados Unidos legalizar o casamento entre pessoas do mesmo sexo em todo o país. Sem dúvida uma importante conquista para os casais homossexuais de todo o mundo. A China decretou o final da medida de controle de natalidade do filho único e na América Latina, no âmbito político, presenciamos o fim do kirchnerismo na Argentina e a grande derrota do chavismo na Venezuela.


Os escândalos por corrupção dominaram os noticiários. Iniciada em 2014, a operação Lava Jato continuou com muita força em 2015 e colocou muitos empresários e políticos, até então intocáveis, atrás das grades e, ao que parece, tem muito mais por vir. No esporte mais amado do mundo, presenciamos vários dirigentes da FIFA serem presos por corrupção, incluindo um ex-presidente da “nossa” CBF.


No cenário econômico “tupiniquim” voltamos a conviver com o pesadelo da inflação elevada e sofremos com a disparada do dólar. Fechamos o ano dando alguns passos para trás, mas o final do ano não foi tão ruim quanto se anunciava e alguns segmentos até conseguiram alcançar um crescimento.


Foi o ano que a palavra “impeachment” esteve novamente na boca do povo. Descobrimos que “pedalar” pode ser muito perigoso, principalmente se forem “pedaladas fiscais”. Mostramos que não aprendemos a fazer nossa lição de casa e vivemos, mais uma vez, uma epidemia da dengue. Se não bastasse, neste ano fomos apresentados ao vírus Zika, transmitido pelo mesmo famigerado mosquito.


Foi mais um ano de protestos por todo o Brasil, exigindo o fim da corrupção e a saída da presidente Dilma Rousseff. A operação Lava Jato e os esquemas de corrupção descobertos nas estatais também ocupam lugares importantes nos cartazes dos manifestantes em todo território nacional.


Foi o ano da volta do Rock in Rio ao Brasil. Quem irá se esquecer do show do Queen com Adam Lambert? No cinema foram vários os bons filmes exibidos durante o ano. Para fechar com chave de ouro, fomos presenteados pelo sétimo filme da franquia Star Wars e seu “Despertar da Força”.


Olhando tudo isso e outros acontecimentos que marcaram o ano, não parece ser aconselhável indicar este livro chamado 2015 para ninguém. Olhando somente os acontecimentos externos, sem levar em conta as conquistas e perdas individuais de cada um de nós, o ano foi difícil, com momentos tristes e de apertos para todos. Foi um ano em que nos mostramos demasiadamente intolerantes e com pouca paciência para tudo. Passamos o ano com os nervos à flor da pele, mesmo com o sucesso dos livros de colorir antiestresse.


Mas o que é um bom livro? O que faz um livro se tornar marcante? As respostas são inúmeras, mas é certo que um bom livro deve nos fazer refletir e questionar sobre o seu tema. Deve nos trazer ensinamentos e nos mostrar caminhos a seguir e a não mais seguir. Deve nos proporcionar bons momentos, mas nos mostrar algumas verdades e nos dar alguns sustos, para não repetirmos os erros do passado. Deve, acima de tudo, nos tornar pessoas melhores. Por mais que 2015 não tenha sido – e de fato não foi – um ano esplendoroso, aconteceu muita coisa que, se bem aproveitada, vai dar bons frutos no futuro.


Segundo o educador americano Amos Bronson Alcott (1799-1888), “um bom livro é aquele que se abre com interesse e se fecha com proveito”.


O ano de 2016 começará a ser escrito e não custa nada, de vez em quando, dar uma folheada em 2015, para tomar as decisões certas e escolher os melhores caminhos no ano novo.

Ivan Mouta

 
 
 

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