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A Corrida e suas Lições de Vida




A corrida de rua vem se destacando como um dos esportes mais praticados na atualidade e seu crescimento é espantoso. Quer seja pelos amplos benefícios que proporciona aos seus integrantes, quer seja por modismo ou por seu aspecto democrático – já que está à disposição de todos e precisa-se de muito pouco para praticá-lo – o fato concreto é que a cada dia mais pessoas descobrem o prazer que uma corrida pode lhes proporcionar. Os ganhos obtidos por quem pratica, de forma contínua, este esporte são diversos, quer sejam físicos ou psicológicos e, ainda, podemos fazer uma perfeita analogia entre uma corrida e nossa vida.


Uma corrida realizada por alguém que não seja um atleta profissional, por exemplo, irá exigir desta pessoa muita disciplina e dedicação. Para começar, ela terá que se desdobrar para conseguir tempo para a prática dos treinos, deverá acordar cedo ou treinar depois de um dia de trabalho e, muitas vezes, terá que superar elevadas temperaturas ou frio intenso, tudo para não fazer feio no dia da corrida. Não sendo desta forma, nenhum resultado vantajoso será alcançado.


Quando chega o tão esperado dia da corrida, sente-se uma forte emoção, afinal é hora de por em ação tudo que foi exaustivamente treinado, mas não será fácil, inúmeros adversários se colocarão no caminho, o cansaço e a dor irão acompanhar o corredor durante todo o percurso. Em algum momento todo o esforço parecerá não ter lógica e surgirá uma grande dúvida: Por qual razão fazer isto? Afinal não haverá prêmio para quem não é profissional ou um corredor de excelência, mas é preciso seguir em frente e, para tal, algum objetivo precisa ser estabelecido, uma melhor marca pessoal, o prazer de cruzar a linha de chegada, poder exibir o feito para os amigos ou a simples e importante sensação do dever cumprido.


Segue-se em frente então, muito embora a sensação seja que os metros não passam e por alguns instantes surge o medo de não terminar o percurso e da vergonha pelo fracasso. Mais uma vez é necessário buscar forças e focar no objetivo traçado, por mais que nesta altura ele já não pareça tão importante assim.


Enfim a prova está prestes a ser completada e agora não tem volta, afinal para quem chegou até aqui, desistir não é mais uma opção. Depois de tanto esforço parece que o corpo corre sozinho, automático, sem controle. A linha de chegada, já visível a essa altura, parece que se move para longe, mas depois de buscar aquela última energia, que estava bem guardada, finalmente acabou, é hora do alívio e o objetivo foi cumprido. O sentimento é de triunfo e, por mais que não haja premiações ou homenagens, existe a satisfação por tudo que foi superado e pela certeza que, com força de vontade, persistência e planejamento, tudo pode ser conquistado e qualquer barreira pode ser ultrapassada.


E em nossa vida, não é assim também? Temos o péssimo hábito de desistir de nossos sonhos por desânimo ou por mil barreiras que se levantam à nossa frente, a maioria delas colocadas lá por nós mesmos. Cansamos rápidos demais, nos arriscamos pouco, na maioria das vezes por medo da opinião das outras pessoas. Tudo sempre parece mais difícil para nós do que para os outros. Somos ótimos em dar desculpas e, ao longo de nossas vidas, deixamos muitas coisas inacabadas pelo caminho e outras nem nos atrevemos a começar.


Assim como no exemplo da corrida, precisamos nos conscientizar que nada é impossível e que as conquistas que realmente valem a pena são duras de serem atingidas, mas podem ser, basta muita dedicação e trabalho e, assim como numa corrida é muito prazeroso passar pela linha de chegada, na vida o prazer da conquista justifica todo esforço e sacrifício necessários para se alcançar o objetivo traçado. Tal qual numa corrida, na vida também percorremos longos trechos de subida e prazerosos intervalos de descida e, tanto numa como noutra, não devemos desistir, nem desanimar nas subidas, nem exagerar na comemoração e na descontração das descidas.

Ivan Mouta

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