O profissional e o novo mercado
- Ivan Mouta
- 6 de set. de 2018
- 5 min de leitura

O mundo e as necessidades das pessoas mudam numa velocidade espantosa e a forma como as empresas veem seus profissionais e o que elas esperam deles também não são as mesmas de algum tempo atrás. O profissional que as empresas buscam precisa estar preparado e atualizado com o mercado em que atua, precisa ser proativo e comprometido, necessita se sentir parte do todo e contribuir o tempo todo com as outras pessoas e com o resultado da empresa.
Antes de qualquer coisa, toda pessoa, que almeja entrar no mercado de trabalho ou que anseia progredir dentro dele, precisa entender e se inteirar das mudanças que vêm ocorrendo em todos os segmentos, a maioria delas em função dos avanços tecnológicos. Se tudo que se vislumbra realmente acontecer, e isto parece ser inevitável, muitas profissões ou ao menos a forma como são executadas, sofrerão enormes mudanças e algumas delas podem até desaparecer. Se as empresas estão investindo em novas tecnologias para não ficarem para trás nesse novo mercado que se anuncia, os profissionais não têm outra escolha se não buscarem um aprimoramento, se modernizando e agregando novas funcionalidades às suas atuais habilidades.
A responsabilidade por conhecimento e aprimoramento profissional é cada vez menos da empresa e mais de cada um de nós. Não devemos ficar esperando que nos desenvolvam ou nos atualizem sobre algum produto ou assunto, devemos ter iniciativa e ir ao encontro das nossas necessidades. Cada profissional tem que estar empenhado com a organização que faz parte, ajudando-a no seu crescimento e fazendo dela uma empresa cada vez mais competitiva. Nossa atitude deve ser mais participativa e colaborativa, não cabe mais ficar aguardando que nos digam o que fazer, precisamos opinar e oferecer alternativas para o desenvolvimento da companhia. Cabe às lideranças serem receptivas às ideias e criarem um ambiente favorável a isto. É importante que se crie uma atmosfera fervorosa no local de trabalho, sempre buscando formas de levantar o astral da equipe, pessoas felizes e realizadas produzem mais e com maior qualidade.
Trazendo esta análise para o varejo, isto é um grande desafio, pois ainda temos enormes deficiências em fatores que já deveríamos ter superado há bastante tempo, como entender que no trato com nossos clientes devemos fazê-lo com atenção, respeito e simpatia, independente se vão comprar ou não; como conhecer o que vendemos em sua plenitude; saber que quando estamos no trabalho ele é nossa prioridade e não devemos desviar nossa atenção para assuntos e interesses pessoais e que ao invés de ficar colocando a culpa nos outros pelas vendas não estarem no patamar que desejamos, devemos olhar para o que estamos fazendo de errado ou o que pode ser melhorado para alavancar nosso negócio.
Alguns fatores nunca mudaram e, mesmo com toda tecnologia, dificilmente irão, como passar segurança a quem está comprando, se mostrar solícito e deixar claro que o interesse pelo cliente não irá acabar após ele fechar a compra, fazer do ambiente de venda um lugar prazeroso, organizado, limpo e prático, entender que mesmo num dia ruim, ou num momento difícil da vida de cada um, o show não pode parar e que o profissional de verdade deixa isto fora do trabalho e não compartilha sua tristeza ou frustação com o cliente. Quem não gosta de gente e de se comunicar nunca será um bom profissional de vendas, aliás, nem deveria tentar ser.
Trazer alguém para dentro da loja não é nada fácil e quando isto acontece não podemos perder esta oportunidade, precisamos parar de frustrar o desejo das pessoas comprarem, passamos por isto o tempo todo, com atendimento precário e falta de atenção e dedicação ao cliente. As pessoas compram quando estão entusiasmadas, quando sentem emoção. A necessidade de se adquirir alguma coisa pode e dever ser provocada, estimulada e isto se faz de várias formas, uma delas é tratar bem o cliente, tendo sensibilidade e inteligência com a forma com que cada um gosta de ser abordado durante a venda, sem forçar a barra, mas sem deixar o cliente desamparado ou abandonado. Um bom atendimento não se faz apenas com palavras, mas com expressões faciais e corporais, com o tom da voz adequado, demonstrando conhecimento do que se está se pretendendo vender e, principalmente, conhecendo o público alvo e a forma correta de se comunicar com ele. Um péssimo hábito que temos é o de ficar sempre reclamando e desabafando, pior ainda, fazendo isso com o cliente. Ele não precisa e não quer saber de nossos problemas, ele já tem seus problemas e quando vem comprar conosco está buscando uma forma de satisfação e não ficar ouvindo lamentações e desculpas.
As pessoas, cada vez mais, são impactadas de formas diferentes, precisamos estar atualizados com as novas tecnologias e como nossos clientes ficam sabendo dos novos produtos e serviços e assim devemos nos inserir neste contexto para nos mostrarmos para elas. Se já são nossos clientes, melhor ainda, pois já nos conhecem e irão responder melhor e mais rápido ao nosso chamado, se ainda não são, temos que nos apresentar como a melhor opção para elas, mostrando que somos modernos, que temos história e credibilidade no que nos propomos a fazer.
Todos nós não queremos apenas comprar algo, queremos que isso seja uma boa experiência, desejamos que todo o processo seja prazeroso. Uma boa experiência pode ser proporcionada de várias maneiras, demonstrando conhecer o cliente e seus gostos, oferecendo alguns mimos a ele, mostrando que enquanto ele compra, sua família, principalmente seus filhos, são bem-vindos e terão o que fazer enquanto seus pais decidem se irão ou não comprar alguma coisa. Ser bem orientado, até mesmo a comprar algo mais barato ou até a não comprar, irá gerar confiança e frutos a serem colhidos no futuro. Constrangimento e descaso não exemplos de péssima experiência e quem passa por isso irá espalhar a quem possa. Ser persistente é importante, mas na medida do limite de cada cliente, sem passar do ponto, mas sem desistir cedo demais.
A melhor mídia sobre nossa loja ou produto sempre foi o boca-a-boca, isso não mudou, o que mudou foi o alcance desse boca-a-boca, principalmente através das redes sociais. Tendemos a acreditar mais numa opinião de alguém que já comprou, em alguém que conhecemos, do que nas maravilhas anunciadas pelas campanhas publicitárias, que são extremamente importantes, mas devem ser acompanhadas por depoimentos favoráveis de quem já passou pela experiência de compra e utilização do produto. Daí a importância de se entregar o que está sendo vendido, sem mentiras ou exageros e nunca deixar de responder aos questionamentos recebidos.
Hoje todos nós somos geradores de notícias e muitos nos sentimos especialistas em tudo, isto evidentemente irá gerar exageros e mentiras sobre muita coisa, mas nenhuma opinião deve ser desprezada, mesmo sabendo que falar mal gera mais engajamento do que fazer elogios e por isto muitas pessoas preferem sempre buscar divulgar coisas ruins sobre produtos e serviços. Fingir que isto não existe ou que não afeta nosso negócio é, no mínimo, falta de inteligência. Muitos destes depoimentos têm relação com o processo de venda e por isso o profissional do varejo tem que saber que a venda não termina quando o cliente sai da loja, portanto, ele tem que ter tido a melhor experiência, para expressar isto à sua rede de amigos, fazendo com que volte e estimule outras pessoas a passar também por esta experiência. É fundamental ouvir e relatar o que os clientes estão falando, sem julgá-los ou ficar magoado com suas críticas.
Todos nós gostamos do contato humano, do calor da companhia e isso que nos fará sempre ir até os centros de compras, mas queremos mais que só comprar, queremos passar por bons momentos enquanto fazemos isto, precisamos nos sentir importantes e exigimos boas experiências nesta jornada, isso o mundo virtual e as máquinas não conseguem oferecer. Cabe a nós profissionais entendermos tudo isso e, principalmente, agirmos de acordo com essas tendências, pois só assim teremos sucesso em nossas carreiras e as empresas para as quais trabalhamos irão progredir.
Ivan Mouta
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