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Pertencimento



Um dos sentimentos mais fortes que nos move é saber que somos parte importante de algo, que pertencemos, somos reconhecidos e valorizados pelos grupos e sistemas em que estamos inseridos. Quando nos sentimos como parcela importante de um todo, nos percebemos como pessoas especiais, relevantes e essenciais no que fazemos e nas relações que vivemos. Isso vale tanto para os nossos vínculos pessoais, quanto profissionais. No entanto, nesse momento difícil pelo qual todos nós passamos, esse sentimento tem sido retirado de muitos de nós.


Temos sido impedidos, por motivos de segurança e zelo com nossa saúde e nossa vida, de frequentar os lugares que gostamos, de estar junto aos nossos familiares e amigos, de irmos nas academias, nas escolas, nas faculdades, de confraternizarmos nos clubes, shoppings, associações e grupos religiosos. No ambiente profissional, muitos foram afastados de seus trabalhos, muitos perderam o emprego e vários estão trabalhando distantes de seus colegas. Esse distanciamento nos tira esse sentimento de pertencer, nos dá sensação de impotência, de que não somos significativos, nos deixando enfraquecidos, tristes e desanimados. Precisamos ficar muito atentos às pessoas com as quais convivemos ou estão afastadas de nós por necessidade, não devemos subestimar os efeitos nocivos que esse afastamento acarreta. É de vital importância que façamos algo pelas pessoas que conhecemos e nos relacionamos, buscando minimizar os impactos que tudo isso tem causado a todos nós. Não podemos diminuir ou ignorar a ausência desse sentimento e as terríveis consequências que têm provocado em tanta gente.


Nas empresas, o sentimento de pertencimento sempre foi um forte combustível para motivar e engajar as pessoas na realização de suas funções. Quando nos sentimos importantes e relevantes no que fazemos, nosso comprometimento e entrega são ainda maiores e quando somos verdadeiramente valorizados pelo que fazemos, nos tornamos mais produtivos, mais envolvidos, trabalhamos mais felizes e todos saem ganhando com isso.


Muitas companhias já enxergam a relevância disso e praticam políticas e ações para acentuar essa emoção em seus colaboradores, entendendo que os benefícios colhidos são inúmeros e que não há nenhuma consequência negativa em estimular esse hábito, pois quanto mais os colaboradores tiverem vivências positivas, mais eles irão se empenhar, se envolver e até entender quando tiverem que se sacrificar pela organização. Outras empresas ainda resistem em ver que seu verdadeiro patrimônio são as pessoas e que só através delas e de como se sentem e são tratadas, sua performance será ou não expressiva no segmento em que atuam.


Nesse momento tão complexo, as organizações precisam manter ou devem começar a empreender ações que aflore esse sentimento nas pessoas. Muitas empresas estão com seus colaboradores trabalhando em períodos reduzidos e/ou trabalhando de casa, o que é importante, necessário e, acima de tudo, prudente num momento como este, mas é preciso compensar esse afastamento do ambiente de trabalho e do convívio com os colegas.


Para amenizar essa ausência de pertencimento, os líderes das instituições precisam se mostrar presentes às suas equipes, mesmo não sendo possível, por muitas vezes, fazer isso de forma física. Temos, cada vez mais, usado as ferramentas digitais para comunicação, por vezes com mensagens frias ou impessoais. Os encontros virtuais coletivos, para interação da equipe, participando e ouvindo todos na hora de tomar as decisões e definir novos rumos para o negócio, são ótimas práticas, mas é preciso tratar as pessoas individualmente, procurando saber de seus dilemas, ouvindo-as, deixando claro sua importância para empresa, passando mensagens otimistas, de preferência com uma ligação, sentindo a sua emoção pelo tom de sua voz e deixando claro que esta pessoa não está sozinha e que pode contar com sua empresa e com seus colegas, no que precisar.


Vivemos momentos de muita pressão e tensão, com cobranças elevadas, privações de recursos, mas isso não pode nos deixar insensíveis ou apartados de tudo. Empresas humanizadas e verdadeiros líderes são preocupados com o bem estar de seus colaboradores, entendendo que isso é um caminho onde só se chega a bons resultados, para todos, organização, sócios, colaboradores, clientes e sociedade como um todo.

Ivan Mouta

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