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O novo normal não tem nada de novo


Todas as adversidades vividas pelas atividades varejistas e de serviços nos últimos meses têm, forçosamente, provocado uma seleção natural, uma depuração, fazendo com que somente os mais bem preparados e antenados às mudanças diárias do mercado, às novas rotinas, hábitos e exigências dos consumidores, se destaquem e venham a ter uma recuperação mais acelerada.


O que mais queremos é prever quais mudanças este período irá provocar em nossas vidas, quais comportamentos iremos manter, o que veio para ficar e o que será esquecido logo tudo isso seja superado. Será que iremos voltar a agir da mesma forma que antes ou adquirimos costumes que ficarão para sempre em nosso cotidiano? Por mais que seja muito importante tentarmos antecipar o que virá e, desde já, procurarmos nos adaptar e planejar, tudo que for dito sobre isso agora é apenas especulação e futurismo. Ninguém sabe exatamente como seremos e quais caminhos iremos trilhar. O que não significa que não é importante tentar entrever o que está por vir. Algumas vias parecem certeiras, ou, no mínimo, prováveis. Toda essa obrigatória e necessária reclusão pela qual estamos passando, deixa lições e marcas importantes, estamos vivendo com um nível menor de consumo, com maiores preocupações em poupar e, certamente, seremos mais seletivos em nossos gastos futuros, quando voltarmos à nossa vida normal.


Todos nós, enquanto consumidores, já vínhamos mudando muito nosso relacionamento com o consumo, nossas expectativas já eram bem elevadas na relação qualidade/preço dos produtos e serviços que consumimos, já nos mostrávamos cada vez menos fieis às nossas bases de consumo, já não estávamos comprando por comprar, sem buscarmos referências, opiniões ou reputação das marcas, produtos e serviços desejados. Todo esse comportamento tende a se acentuar em todos nós, já que aprendemos a viver com menos e vimos e sentimos como é importante termos reserva financeira para momentos difíceis e tortuosos como este.


Os setores de varejo e serviço, mesmo com todas essas dúvidas, precisam caminhar na direção do plausível, do rumo mais perceptível neste momento. Se a pandemia trouxe lições e novos costumes, ela também causou muita aflição, nos distanciando das pessoas, do convívio social, do olho no olho, da troca de energia e de afagos. Mostrou, como nunca pensávamos, o quanto é bom poder ter a liberdade de sair de casa, de ver e interagir com outras pessoas e os segmentos de varejo e serviço sempre foram mestres em nos proporcionar isso, através de um bom atendimento, de realizar nossos sonhos, de nos ofertar produtos que nos proporcionam bem estar, alegria, prazer e euforia. Podemos ter comprado pela internet ou de forma menos presencial, podemos ter perdido um pouco o medo de fazer isso, mas não significa que gostamos disso e que não vamos mais buscar interagir e nos relacionar diretamente com outras pessoas, ao contrário, isso nos tem feito muita falta e estamos bem ansiosos em poder fazer isso novamente.


Mercadologicamente, precisamos ver tudo isso como uma grande oportunidade de fazer melhor do que vínhamos fazendo, não mais por opção, mas sabendo que não há outra alternativa, ou mudamos nosso jeito de lidar com nossos clientes ou não alcançaremos o patamar de rentabilidade que desejamos e precisamos. Temos a possibilidade de fazermos parte da mudança e sairmos na frente ou ficar nos lamentando e procurando culpados para as dificuldades e para nosso inevitável fracasso, caso não nos levantemos e, por nós, sem depender de ninguém, tomemos as medidas necessárias. Vai ser preciso muita criatividade e, principalmente, foco na gestão do negócio e no trato com gente e aí entram os colaboradores e os clientes.


Mais do que aprendermos a importância de bons hábitos de higiene, temos sido constantemente lembrados da importância do ser humano, do valor das pessoas acima dos valores materiais, isso não tem nada de novo, mas por vários motivos, muitos alheios à nossa vontade, tínhamos nos esquecido ou não estávamos dando o devido valor. Valorizar as pessoas e sua singularidade, dentre tantos prognósticos é a melhor aposta do que irá permanecer em nossa existência e vale muito a pena conduzirmos nossos negócios e nossa vida nesse sentido.

Ivan Mouta

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