Insatisfação, um círculo vicioso
- Ivan Mouta
- 2 de mar. de 2022
- 2 min de leitura

Poucos sentimentos têm sido tão dominantes em nossas vidas quanto a insatisfação. Sua presença é cada dia mais forte e com maior intensidade, quer seja no ambiente familiar, corporativo ou social ou até em todos, simultaneamente.
Em nosso meio familiar gastamos demasiada energia nos fatos que nos desagradam, somos pouco gratos pelo que temos e nos é oferecido e implacáveis com o que não nos satisfaz, deixando, muitas vezes, de desfrutar tantas coisas boas ao lado das pessoas que verdadeiramente nos amam.
Quando exercemos o papel de clientes, não nos envergonhamos em manifestar intensamente nossa insatisfação com qualquer episódio que seja contrário à nossa vontade, não perdoamos qualquer erro e, por menor que seja, fazemos questão de ecoar nossa insatisfação ao maior número de pessoas possível, sem sequer tentar resolver o problema diretamente com quem nos causou dissabor. Alguns funcionários, por vezes descontentes com seus patrões e líderes, pelas condições de trabalho que julgam inadequadas, não prestam o melhor atendimento e dão pouca importância ao bem-estar de seus clientes. Muitos empresários, insatisfeitos com as circunstâncias em que operam, abatidos pelo tratamento que recebem de muitos clientes – julgado injusto por eles –, com pouco auxílio governamental e forte concorrência, não buscam um aprimoramento em seus negócios e são inconformados com a produtividade e até o comprometimento de alguns de seus colaboradores.
Como cidadãos temos enorme decepção com os políticos, nos esquecendo que somos os responsáveis diretos por elegê-los, estes, por sua vez, vivem em desagrado entre si, com os outros poderes e com a imprensa, que por sua vez e em muitos casos alimenta toda nossa sede por insatisfações, mas também sofre com críticas e grande policiamento em seu importante e necessário trabalho.
O fato é que não somos capazes de sair desse terrível círculo vicioso de críticas e acusações mútuas, onde não conseguimos evoluir como pessoas e como sociedade. Nossa intolerância nunca esteve tão elevada, tudo nos aborrece, nos deixa enfurecidos e indignados. Nos esquecemos que na maioria das vezes somos nós mesmos que provocamos estas situações e que podemos resolvê-las antes de nos descontrolarmos. Para começar, podemos adquirir o hábito de ouvir mais as outras pessoas, principalmente as que pensam diferente de nós. Necessitamos nos colocar mais no lugar dos outros, oferecendo ajuda, sendo mais colaborativos, mudando comportamentos que causam tristezas ou revolta nas pessoas com quem convivemos.
Mudar os outros é muito difícil, mudar a nós mesmos também não é fácil, mas é possível, principalmente se for para viver melhor com quem amamos e para conviver prazerosa e respeitosamente em sociedade, com menos insatisfações e mais felicidade e paz.
Ivan Mouta
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