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O bom, o mau e o feio

  • Ivan Mouta
  • 17 de fev. de 2021
  • 3 min de leitura

Esse título remete ao faroeste de 1966, The Good, the Bad and the Ugly, que por aqui teve o nome de Três Homens em Conflito, o filme foi dirigido por Sergio Leone e estrelado por Clint Eastwood, Lee Van Cleef e Eli Wallach. Transportando essa “trilogia” para os tempos atuais podemos ver o Estado (governos federal, estadual e municipal) como “o bom”, o empresário como o “o mau” e o povo como “o feio”.


O Estado (o bom) é o dono da verdade, ele sabe o que é melhor para todos, ele é definitivo, incontestável em suas decisões. Nós já nos acostumamos com sua incessante intervenção em nossas vidas, ele está presente em tudo, nos dizendo o que podemos ou não fazer, onde devemos ou não ir, como temos que nos comportar e tantas outras regras. Vivemos momentos de muita contestação ao Estado, mas ninguém em sã consciência é contra sua existência. O Estado nasceu como forma de nos organizar como indivíduos, numa convivência harmônica em grupos e em sociedade. Tudo isso, é claro, exige normas, leis que regem nossas vidas, sem isso haveria desordem e desorientação, mas clamamos por mais participação e que sejamos ouvidos antes das tomadas de decisões. Se hoje a maioria de nós vê o Estado como alguém que só pensa em cobrar impostos, que não devolve nada em troca, só cria obstáculos e atrapalha a vida de todo mundo, isso é por culpa dele próprio, que se fecha em suas decisões e se mostra incapaz de entender que todos temos muito a contribuir na formação de um País melhor. Justiça seja feita, têm muitos governos, principalmente na esfera municipal, que estão indo de encontro com essa postura autoritária e arrogante e têm se mostrado abertos a ouvir e, principalmente, seguir o anseio de sua população. Também temos que compreender suas dificuldades e seus entraves burocráticos e, nunca, nos esquecermos que governos são feitos por pessoas, colocadas lá por nós.


Hora de falar do empresário (o mau), aquele que é visto como o que sempre sai ganhando nas relações comerciais, o “patrão” que explora, paga mal, fica cada dia mais rico e que, nesse momento de pandemia, não se preocupa com a vida das pessoas e que só pensa em dinheiro a qualquer custo. A realidade, no entanto, é muito diferente disso, pouco se enxerga dos seus percalços, nada se fala sobre sua luta diária para manter de pé um negócio, na maior parte das vezes pequeno e gerando empregos e renda para muita gente. Nesse surto que nos devasta dia após dia, o que vimos, desde o início, foram as empresas tendo iniciativa e criando normas e protocolos para proteger seus colaboradores e clientes. Não há um segmento que ficou esperando ser exigido de algo, todos se mobilizaram e investiram elevadas quantias, sempre com os olhos voltados às pessoas. Existem exceções e irresponsáveis? Claro que sim, mas são minoria comparados aos inúmeros empresários que são conscientes e trabalham incessantemente para manter a segurança de todos. O empresário, em sua grande maioria, é alguém que dedica cem por cento de seu tempo ao seu empreendimento, numa entrega absurda e cada vez mais exaustiva, tendo seu negócio fechado a todo momento e sendo, em muitas ocasiões, obrigado a encerrar suas atividades e mandar embora seus funcionários.


Resta falar do povo (o feio), que, no fim das contas, paga e é responsabilizado por tudo. Somos nós que não sabemos votar, que não damos o fim correto ao nosso lixo, que aglomeramos, que não nos comprometemos com as causas sérias, que somos alienados aos assuntos importantes e que não sabemos viver em comunidade, respeitando o próximo. Tem muita verdade em tudo isso e todos nós temos que nos esforçar na construção de uma sociedade melhor, através de nossos atos, por menores e menos expressivos que pareçam, mas, no entanto, é preciso reconhecer nossas dificuldades, a falta de estrutura com a qual convivemos, a grande desproporção entre o que nos é exigido e o que nos é dado em contrapartida. Todos nós, independente de nossa condição social/econômica, estamos sentindo os efeitos dessa pandemia, muitos perdemos nossos empregos, perdemos pessoas a quem amamos, mas temos tido uma força extraordinária para recomeçar a cada dia, demonstrando uma solidariedade jamais vista.


Até mesmo no filme, que vale muito a pena assistir, os personagens não se apresentam o tempo todo conforme seus estereótipos, ninguém é somente uma coisa ou tem apenas um aspecto, o importante é que, independente do papel que estejamos exercendo no momento, a gentileza, a responsabilidade e o espírito de colaboração falem sempre mais alto, afinal ninguém é mais ou menos importante que o outro e a convivência harmônica e respeitosa é o único caminho para que tenhamos êxito em nossas vidas.


Ivan Mouta

 
 
 

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